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domingo, 24 de janeiro de 2010

O Prado do vizinho é sempre mais verde - Cobertura do curso Conservação e Restauração: Novas Tendências

O Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, em parceria com a Casa da Cultura da América Latina, o curso de restauração da UNIEURO, o departamento de Ciências da Informação e Documentação da UnB, a Embaixada da Espanha e a Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do DF, ofereceu entre os dias 11 e 14 de janeiro o curso Conservação e Restauração: Novas Tendências. Durante quase uma semana de encontros os poucos selecionados dentre centenas de inscrito tiveram a oportunidade de ter acesso ao discurso e generosidade das conservadoras Pilar Sedano e Sonia Tortajada, do Museu Nacional do Prado, em Madri. A escolha da equipe do Prado foi oportuna, tendo em vista que a instituição passou por recente reforma estrutural, e que o museu é respeitada mundialmente por seus criteriosos e amplamente documentados processos de conservação preventiva e restauro. Durante o curso foram abarcadas desde questões éticas (os limites da conservação, o risco da produção de um falso-histórico e o debate acerca da manutenção de evidência ou pátina do tempo), questões técnicas (as conferencistas não se furtaram de explicitar os materiais que utilizam e mesmo contatos de fornecedores), os diversos modelos de embalagens desenvolvidos pelo Prado para transportes de obras, a necessidade de se criarem ações pedagógicas voltadas a divulgação do trabalho de restauro, além da questão da valorização da equipe de conservação dentre a cadeia hierárquica e nas decisões das instituições.

Pilar Sedano (Museu do Prado)

Etapas do processo de substituição de um dos leões dourados de Matteo Bonarelli pela equipe de restauração do Museu do Prado

O evento foi realmente valioso e esclarecedor, e não foi ofuscado sequer pelos problemas de produção (o primeiro dia do encontro começou com mais de meia-hora de atraso e sem o coffe-break, a falta de tradução simultânea provou-se um desafio tão grande que foi necessário o auxílio de funcionários da Depha e da Secretaria de Cultura que improvisaram uma tradução das questões do público, os horários tiveram que ser revistos em função de não haver próximo ao museu um restaurante ou refeitório e houve também o desconforto de não haver acesso adequado de cadeirantes para o palco). O último dia do encontro, no entanto, que contou com a visita técnica a exposição Entre Século, não foi tão agradável. Embora seja indiscutível o valor estético e histórico dos acervos expostos no museu (que constituem um panorama curioso da história da arte brasileira, em especial da arte moderna e contemporânea), a expografia é questionável e levou a equívocos, como a disposição das gravuras de Tarcila do Amaral que, segundo relato das palestrantes durante o curso, por se tratar de obras que tem como suporte o papel, deveriam estar expostas a uma luminosidade máxima de 50 lux , sendo que as obras em questão estavam (pasmem) expostas a medições que variavam entre 800 a 1000 lux! Também é possível perceber pontos de umidade e fungos próximos a obras como a de Ernesto Neto. A postura polida das palestrantes, que evitaram entrar em aspectos técnicos acerca da exposição, apenas elogiando seu valor estético e montagem, podem ter poupado a todos de maiores constrangimentos, mas não evitou um certo mal-estar que, por fim, tomou conta do debate com o público que apontou e enumerou os já conhecidos problemas do Museu...
A tempo, uma boa notícia foi a intenção da Secretaria de Cultura de criar um centro especializado em restauro de obras de arte no DF, proposta que já contou com o apoio e garantia de assessoria técnica do Museu do Prado. Falta saber se o projeto um dia sai...

Leia Matéria publicada no Correio Braziliense

Leia a cobertura do DNB sobre a exposição Entre-séculos.

2 comentários:

rachel disse...

o encontro foi realmente muito bom, só queria comentar sobre o ultimo dia foi totalmente desviado do objetivo de debater sobre a exposição para uma choradeira de como o museu tem problemas e toda aquela historia sofrida que todo mundo jah conhece. E pra falarem realmente o que eles fazem pra contornar isso, sabe um "ok, temos merdas,porem estamos fazendo tal e tal coisa" pq bem sabemos que a entreseculos teve mto mais problemas que a franquesa do barja admitiu.

Matias Monteiro disse...

Concordo Rachel. Acho que poderíamos ter aproveitado melhor a presença das palestrantes no último dia do evento... Mas as pessoas em Brasília tem tanta coisa entalada, que, em qualquer oportunidade de se expressar, a "choradeira" logo vem a tona.

Fica registrada aqui matéria do Correio sobre o Museu:

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/01/25/diversaoearte,i=168799/MUSEU+NACIONAL+DA+REPUBLICA+TEM+GRANDE+POTENCIAL+MAS+AINDA+PADECE+DE+INDEFINICOES+ADMINISTRATIVAS+E+ORCAMENTARIAS.shtml