Agradecemos sua visita e informamos que estamos inativos por tempo indeterminado.

Acesse nossos arquivos no menu ou nos links laterais.

















sábado, 30 de janeiro de 2010

SUPERFRÁGIL - Exposicão DNB


clique sobre a imagem

Em comemoração a 1 ano de dando nome aos bois, oferecemos a exposição SUPERFRÁGIL, uma mostra de desenhos com obras dos artistas entrevistados pelo blog. Abertura dia 04/02, quinta-feira, 19hs... Não percarm =)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cursos de Teoria e História da Arte

Cursos a serem ministrados pela Profª Vera Pugliese no primeiro semestre de 2010:

Duchamp e a invenção da arte conceptual (curso intensivo de férias) - carga horária = 12h

de 2 a 11 de fevereiro, 3a e 5a, vesp.

14h00hs ás 17:30hs/ not. 19hs às 22hs 15.

Barroco - carga horária =40h

de 2 de março a 29 de junho, 3ª feira

vesp.14h30 às 17h30/ not. 19h30 às 22h15

Obs: As inscrições antecipadas tem 10% de desconto nos Cursos:

de férias até 28 de janeiro;

Barroco até 24 de fevereiro.

Maiores informações pelos telefones 3202-2873 e 9958-8568, ou pelo email (verapugliese@gmail.com).

Seleção de Mediadores


Entrevista: 02/02/2010
Entrega de senhas: 14 às 14:30
Local:Palavra Chave Arte e Cultura, SCLN 107 Bloco C Sala 209
Documentos necessários: comprovante de escolaridade, RG, CPF, CIT, PIS-PAESP, foto 3X4 e caneta

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SUPERFRÁGIL


Arquipélagos Brasilienses

Não há novidade nenhuma no artigo de Luís Augusto Fischer publicado no jornal Zero Hora algumas semanas atrás... bem sabemos os rótulos que são insistentemente impostos a cidade (um dos vários preços pagos por sua proximidade nefasta com o poder público) e já faz parte dos modos locais saber se esquivar deles com certa simpatia e bom humor.

Eu sou brasiliense, e hoje em dia muitas pessoas podem dizer o mesmo. Nascidos e criados aqui, sabemos que Brasília é muita coisa:

Brasília é pipa na torre de teve, é bolha de sabão no parque da cidade, em momentos de tédio pode ser vinho na esplanada, ou, para uma outra geração, pode ser papear em frente ao Pátio. Brasília são as luzes do conjunto nacional, são as tesourinhas. Brasília é carro, muitos carros e nenhum estacionamento. De vez em quando, se está de bom humor e particularmente civilizada, Brasília é ciclista e faixa de pedestre. Brasília é Escola Parque, é Escola Classe, UnB, ipê. É 508 sul, é Beirute e burocracia. Certamente é Lucio Costa e Niemeyer, mas, para mim, é mais Vladmir Carvalho, Cassiano Nunes e Nicolas Behr. É Bianchetti e Babinski, é Dulcina de Morais e Hugo Rodas. É pomba na igrejinha, é jardim de Burlemax, é brincar-embaixo-do-bloco. É pixação na W3, é o estardalhaço das cigarras e caminhada no eixão aos domingos. Brasília é milho na Água-mineral e pastel na Viçosa. É skate no setor comercial sul, é rock /gospel no Conic. É concurso público no fim de semana, é política, é escandâlo, é poder... mas é também coruja-buraqueira, terra vermelha e festival de cinema. Brasília é Honestino Guimarães, é movimento estudantil, é candango empoeirado e juventude entediada, transporte público ineficiente e especulação imobiliária. Brasília é Feira do Guará, Feira dos Importados, é feira da Ceilândia e praça do relógio. Brasília é entre-quadra, é ecatombe moderna, é caminhos-do-desejo. Brasília é o fosso das ariranhas, é ponte JK e açougue-biblioteca. Brasília foi sonho, profecia, loucura, avião e cruz. Brasília é cerrado, índio gaudino, lancha e iate.

Brasília é capital, é deserto, é parque, e, definitivamente, é uma cidade.


Segue artigo do Zero Hora no dia 09 de janeiro de 2010... a versão completa está disponível aqui.


Brasília, aquela ilha distante

Ano passado houve quantos escândalos em Brasília? Assim sem fazer força eu lembro de dois, o do Sarney e seus atos secretos na presidência do Senado (e a penca de afilhados e parentes pendurados em folhas de pagamento oficiais) e o do governador Arruda, que não se perca pelo nome, ele e o seu pessoal todo flagrados com grana viva nas mãos, nas meias, na bolsa daquela senhora, com o suplemento que foi um requinte da hipocrisia geral na oração pós-propina. Nem vou lembrar os aumentos indecentes, as falcatruas de negociação, mais uma quantidade incontável de pequenas e médias negociatas políticas, que dariam vergonha, se o Brasil tivesse vergonha a ostentar.

Brasília, a cidade-palco disso tudo, completa seu jubileu de ouro, o primeiro: tirada da cartola de um presidente mineiro, Juscelino Kubitschek, inscrita no mapa da realidade por milhares de candangos – quem lembra o veículo chamado “candango”, um jipezinho nacional de nome alusivo aos trabalhadores? – a partir de desenho de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, a capital brasileira é, na minha irrelevante opinião, uma demência. Não vai nada de pessoal contra os brasilienses, figuras tão sublimes e tão ridículas quanto os nascidos em Novo Hamburgo, por exemplo; o que aqui vai é uma opinião contra a cidade: Brasília não faz sentido, exceto para os milhares de funcionários que ganham muito, demais, e para os políticos que se escondem lá, longe da opinião pública ativa que só existe em cidade de verdade (se é que continua a existir...).

E Brasília não é uma cidade de verdade; é uma paisagem, um cenário, uma simulação. O senhor já andou por lá? Eu vi logo pelo jeito como o senhor concordou comigo, logo que eu comecei a falar. Cidade real tem esquina e telhado de cor vermelha; Brasília não tem nem uma coisa, nem a outra. A dinâmica de qualquer cidade, atravessar ruas, pegar condução, saudar os transeuntes, olhar os que passam, ir para o trabalho, ser assaltado, tudo isso em Brasília tem um quê de falsidade, a começar pelo já famoso aspecto de delírio totalitário que se esconde no traçado portentoso e na concepção megalomaníaca, tudo com aspecto monumental, que deixa o pobrerio fora.

Historinha exemplar: uma cidade periférica de Brasília se chama Ceilândia (tecnicamente é uma “região administrativa”, não uma cidade). De onde veio o nome? Naquela região do país, o que nós chamamos de favela lá era chamado de “invasão”, porque se tratava de pobre invadindo espaço sem ocupação, perto da cidade-capital que, afinal, tem os empregos. Pois bem: no começo dos anos 1970, as invasões, isto é, os bairros de pobres, chegaram a uma proporção alarmante, considerando o planejamento original – delirante e excludente desde o início, mas enfim planejamento. Daí instituíram – claro, estamos no Brasil – uma comissão para tratar do tema: a comissão para erradicação das invasões, com a sigla CEI. Daí para Ceilândia foi um passo. De forma que Ceilândia é uma vela acesa para a burocracia.

E custa demais para o Brasil. Quando se pegam os números de PIB per capita, Brasília desponta como a cidade de maior índice entre todas as cidades brasileiras. Sim, mas é uma renda que vem, quase exclusivamente, de emprego público pago regiamente. Não tem geração de riqueza propriamente dita. O senhor já calculou, mesmo por cima, o que custam as máquinas do Senado, da Câmara e dos tribunais superiores? Nem queira saber, nem queira saber.

Então a minha saudação ao cinquentenário de Brasília é esta: uma lamentação por sua existência, pelo seu peso nefasto que o Brasil é obrigado a carregar. Por mim, podia ser transformada em museu a céu aberto, e era isso. Eu sei, eu sei, transferir aquela burocracia toda de lá para uma cidade real seria inviável hoje. Mas eu não me conformo.

Futuro do Pretérito 26/01


domingo, 24 de janeiro de 2010

O Prado do vizinho é sempre mais verde - Cobertura do curso Conservação e Restauração: Novas Tendências

O Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, em parceria com a Casa da Cultura da América Latina, o curso de restauração da UNIEURO, o departamento de Ciências da Informação e Documentação da UnB, a Embaixada da Espanha e a Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico do DF, ofereceu entre os dias 11 e 14 de janeiro o curso Conservação e Restauração: Novas Tendências. Durante quase uma semana de encontros os poucos selecionados dentre centenas de inscrito tiveram a oportunidade de ter acesso ao discurso e generosidade das conservadoras Pilar Sedano e Sonia Tortajada, do Museu Nacional do Prado, em Madri. A escolha da equipe do Prado foi oportuna, tendo em vista que a instituição passou por recente reforma estrutural, e que o museu é respeitada mundialmente por seus criteriosos e amplamente documentados processos de conservação preventiva e restauro. Durante o curso foram abarcadas desde questões éticas (os limites da conservação, o risco da produção de um falso-histórico e o debate acerca da manutenção de evidência ou pátina do tempo), questões técnicas (as conferencistas não se furtaram de explicitar os materiais que utilizam e mesmo contatos de fornecedores), os diversos modelos de embalagens desenvolvidos pelo Prado para transportes de obras, a necessidade de se criarem ações pedagógicas voltadas a divulgação do trabalho de restauro, além da questão da valorização da equipe de conservação dentre a cadeia hierárquica e nas decisões das instituições.

Pilar Sedano (Museu do Prado)

Etapas do processo de substituição de um dos leões dourados de Matteo Bonarelli pela equipe de restauração do Museu do Prado

O evento foi realmente valioso e esclarecedor, e não foi ofuscado sequer pelos problemas de produção (o primeiro dia do encontro começou com mais de meia-hora de atraso e sem o coffe-break, a falta de tradução simultânea provou-se um desafio tão grande que foi necessário o auxílio de funcionários da Depha e da Secretaria de Cultura que improvisaram uma tradução das questões do público, os horários tiveram que ser revistos em função de não haver próximo ao museu um restaurante ou refeitório e houve também o desconforto de não haver acesso adequado de cadeirantes para o palco). O último dia do encontro, no entanto, que contou com a visita técnica a exposição Entre Século, não foi tão agradável. Embora seja indiscutível o valor estético e histórico dos acervos expostos no museu (que constituem um panorama curioso da história da arte brasileira, em especial da arte moderna e contemporânea), a expografia é questionável e levou a equívocos, como a disposição das gravuras de Tarcila do Amaral que, segundo relato das palestrantes durante o curso, por se tratar de obras que tem como suporte o papel, deveriam estar expostas a uma luminosidade máxima de 50 lux , sendo que as obras em questão estavam (pasmem) expostas a medições que variavam entre 800 a 1000 lux! Também é possível perceber pontos de umidade e fungos próximos a obras como a de Ernesto Neto. A postura polida das palestrantes, que evitaram entrar em aspectos técnicos acerca da exposição, apenas elogiando seu valor estético e montagem, podem ter poupado a todos de maiores constrangimentos, mas não evitou um certo mal-estar que, por fim, tomou conta do debate com o público que apontou e enumerou os já conhecidos problemas do Museu...
A tempo, uma boa notícia foi a intenção da Secretaria de Cultura de criar um centro especializado em restauro de obras de arte no DF, proposta que já contou com o apoio e garantia de assessoria técnica do Museu do Prado. Falta saber se o projeto um dia sai...

Leia Matéria publicada no Correio Braziliense

Leia a cobertura do DNB sobre a exposição Entre-séculos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Entrevista - Pedro Ivo Verçosa



Nome: Pedro Ivo Verçosa
Idade: 23

Em Brasília, devemos ficar atentos a obra de: Jean Matos e Virgílio Neto
Café: Ristretto, no. 74 do Café A Cappella.



DNB- A pintura vem tendo bastante destaque na produção local nos últimos anos; uma tendência que parece se confirmar, por exemplo, no Salão Universitário, Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea. Você percebe essa tendência? Como seu trabalho dialoga com o de outros pintores locais?

Pedro Ivo- Eu acho que em grande parte isso tem a ver com o Elder Rocha (pintor e professor de pintura do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília), seja na forma como ele dá aula, deixando tudo sempre muito aberto, incentivando bastante quem quer começar, seja na opção pelo figurativo. Eu, na verdade, comecei a pintar quando conheci o Moisés [Crivelaro] e o Taigo [Meireles] que já tinham um pouco a influência do Elder, mas também muita influência do [Sergio] Rizo (artista e professor de Desenho da UnB) e também do [Nelson] Maravalhas (pintor e professor que ministra disciplinas práticas e teóricas na UnB). Eu estava saindo do Desenho Industrial e entrando nas artes plásticas; queria conhecer alguma coisa, e estava próximo ao Moisés que me perguntou “Você quer pintar?”, e eu respondi “quero, quero pintar” e ele me orientou “então: compra essas tintas; o quê que você quer fazer?”... Pinto hoje por conta dessa abertura que ele teve. Estava montando o ateliê na 12 norte [ateliê que compartilhou com Fábio Baroli na 212 norte]. Acho que foi mais um acidente do que qualquer outra coisa. O Elder, por exemplo, sempre foi um artista que tive como referência, até porque a Karina (minha madrasta) fez o curso na UnB e tinha o Elder como um professor muito querido. Então eu já o conhecia antes de entrar na faculdade. E eu logo me encantei com ele como professor, como pessoa e como artista. Foram esses pequenos acidentes... foi por ter uma convivência com a pintura. E foi bom, porque eu estava me distanciando do desenho industrial, estava de saco cheio de vetores, tipografia, etc., não queria ver mais nada disso...

DNB- Por quanto tempo você cursou Desenho Industrial?

Pedro Ivo- De 2004 a 2006, por quatro semestres. E, nesse tempo, eu trabalhei com os meninos, com o Virgílio [Neto], a gente fez camisetas, chegou a fazer ilustração e diagramação. Foi quando eu descobri que não era o que eu queria fazer.


DNB- Algumas de suas pinturas parecem possuir uma qualidade cinematográfica; Por um lado, as situações parecem por vezes compor stills ou fragmentos de uma narrativa oculta, por outro, as composições aludem a idéia de montagem com a sobreposição de cenas ou mesmo na disposição das telas no espaço expográfico. Essa é uma referência recorrente em sua pesquisa?

Pedro Ivo- Acho que a questão do still tem muito a ver sim, porque eu comecei fotografando com o celular; eu queria captar a cena cotidiana, juntando fragmentos. Depois de um tempo eu abandonei, [risos] é trabalhoso demais. Tenho um carro agora também, passei a ter menos esse tipo de acesso.
Quanto à montagem, acho que é uma experiência nova que eu estou tendo. Comecei a explorá-la na última série que fiz, do ônibus, que é bem fragmentada. Eu estou sempre experimentando. Estou a três anos (desde 2006) produzindo pinturas e, às vezes, eu sinto necessidade de algumas fugas. Agora estou experimentando o adesivo como suporte, fazendo desenhos sobre folhas de madeira... Quando eu volto para a pintura, volto com outro tipo de concepção. Por exemplo: minha pintura é prioritariamente monocromática. Tive que ter experiência com cores para poder voltar ao monocromático. Passei seis meses sem pintar, só dedicado as experiências com adesivo para voltar à pintura. Eu não acredito que eu seja um pintor. Tenho um tema que me interessa e, por mais que eu goste de fazer pinturas, tem outros caminhos que eu tento seguir.


DNB: Sobre essa questão: como muitos outros pintores figurativos da atualidade, você se utiliza de imagens fotográficas como parte do processo de elaboração de suas obras. Como essa questão surgiu no seu trabalho e como ela esta integrada a sua poética?


Pedro Ivo- Comecei fotografando, era apaixonado mais pela fotografia, eu estava ainda no meio do design. Pensava: “O que eu vou pintar?” Você pinta algo que você gosta, né. Você pinta; depois você vai descobrindo o que te levou a pintar aquilo. Mas, primeiro, você pinta. Eu acho que eu fui descobrindo... e a fotografia faz parte desse processo. O que posso dizer? Eu trapaceio, eu projeto (a imagem)... Eu sei que muita gente critica isso, mas é uma ferramenta. A fotografia me facilita, é um facilitador absurdo. Eu não acredito na fotografia como um fim, em hipótese alguma, acredito na fotografia como meio. A pintura me parece mais final, mais duradoura. A fotografia é um processo. Minha relação com a fotografia é sempre da ordem do inacabado.




Acima, fotos da série Fragmentos Urbanos


DNB - Como uma espécie de rascunho da imagem que você almeja?

Pedro Ivo- É, um rascunho. Ainda mais da forma como eu a uso, da forma como eu aproveito a fotografia.
Quando eu comecei, fotografava de celular e mal via o que ou quem eu estava fotografando. Eu me sentia meio estúpido até... Mas eu tinha uma ferramenta que, eu acreditava na época, me dava certa imparcialidade; uma imagem mais fiel, que me permitia produzir uma interpretação sobre o observado. Hoje em dia eu não digo mais isso, mas na época eu falava que era mais real...

DNB- No caso, a fotografia de celular produz uma perda de acuidade, uma imagem um tanto indefinida, tosca... Isso lhe interessava?

Pedro Ivo- Sim, porque eu estava fotografando ali o deslocamento, o movimento, o trânsito. Então, achei na fotografia de celulares a captura desse vulto que passa. Você passa por esse meio urbano e não grava a cara de uma pessoa específica; ela existe ali, mas não existe.

DNB- Isso tem uma relação interessante com os recortes vinílicos, como uma espécie de fantasmagoria urbana...

Pedro Ivo – Tem sim. Na verdade, esse trabalho nasceu de uma provocação da professora Aline (Aline Essenburg professora de desenho da Universidade de Brasília); ela me disse “Gostei muito do seu trabalho, é interessante, mas essa é uma disciplina de desenho e você precisa desenhar de algum modo”. Eu não queria abandonar o estudo que eu já havia começado em fotografia e que depois migrou para a pintura. O vinil foi uma forma que eu encontrei de obter essa imagem que aparece, que some, de uma forma mais linear. Isso abriu uma variedade absurda de campos de pesquisa. Se eu não estivesse na UnB, nunca teria explorado isso...
É engraçado, é sempre um experimento: em uma parede aparece mais, em outra aparece menos. O lance de aplicar, você não sabe se alguém vai chegar e vai reclamar, se vai ser tranquilo. Quando você tá aplicando, pára, olha, observa, mas você não sabe a vida que aquilo vai ter, se as pessoas vão ver. Na verdade esse trabalho ainda está muito inicial. Eu acho que pra galeria tem uma aplicação, pra aplicar em suporte rígido tem outra e pra aplicar na rua eu não descobri, mas eu vou descobrir ainda. Eu acho que eu ainda não amadureci o trabalho o tanto que ele deveria amadurecer.

DNB- Mas a proposta surgiu originalmente de aplicação em espaços públicos ou em suporte rígido?

Pedro Ivo- Inicialmente eu queria só o efeito do vinil. Nas primeiras experiências recortei tudo em contact e apliquei sobre a parede. Depois, no Iate [IX Prêmio do Iate Clube de Brasília], eu experimentei um suporte rígido e vi que podia ser explorado, mas eu penso muito em começar a mesclar, alguns elementos da pintura e do desenho. Ainda está muito no inicio, mas acho que dá pra mesclar e chegar a um resultado interessante.


DNB: 2009 foi um ano bastante produtivo para você. Você recebeu uma premiação no I Salão Universitário e participou de mostras como Novas Referências, IX Prêmio Iate Clube de Brasília e II Bienal de Arte de Brasília, dentre outras. Como você tem percebido a receptividade de seu trabalho em Brasília?


Pedro Ivo- Não acredito, hoje, em mercado de arte em Brasília, não acredito no circuito. Não vejo gente preparada, estamos na mão de muitas pessoas difíceis, muita gente picareta. Falta formação, falta profissionalismo. Muitas vezes os espaços deixam tudo a cargo do artista, ele tem que fazer a curadoria, escrever sobre seu trabalho, montá-lo e arcar com os gastos. Isso prejudica o surgimento de novos profissionais (existem muitas pessoas produzindo obras muito promissoras na UnB, por exemplo). Não me entendam mal, existem espaços interessantes, como a Objeto Encontrado, que é mais alternativa, ou a Renome Galeria, que ainda não conheci, mas parece que está com uma proposta interessante. Não existe mercado para quem está começando. Eu tenho um privilégio absurdo, que é meu pai ser dono de loja (de móveis e decoração de interiores) e consigo uma boa exposição por lá; é onde sou mais notado, mais visto. Agora, depender de exposições na CAL (Casa da Cultura da América Latina, espaço expositivo da Universidade de Brasília no Setor Comercial Sul)? Qual a visitação da CAL? Qual a visitação da Bienal (2ª Bienal de Arte de Brasília, organizada pela UPIS)? E quem é esse público? Agora está entrando uma geração de artistas, nascidos e criados em Brasília.
Temos gente, mas não tem estrutura aqui. Falta disposição.


DNB- Fala-se de uma nova geração de artistas, mas será que não existe uma espécie de vazio em outras esferas da cadeia produtiva (produção, curadoria, divulgação)?

Pedro Ivo - Com certeza, inclusive o projeto de vocês de montar um blog, pra poder fazer uma divulgação dos trabalhos. Sabe, é a gente falando da gente. Temos que falar, porque parece que ninguém está de olho! Escuto muitas pessoas, de Belo Horizonte, Goiânia, São Paulo, Rio, que diz que Brasília é muito parado, falta iniciativa e não há retorno... mas há. Não adianta escorar nesse discurso e não fazer. Nossa produção é muito boa.

DNB- Como foi a experiência de expor em Uberlândia e Goiânia? Você sente uma receptividade diferente?

Pedro Ivo- Quando você é de fora o pessoal logo pensa “deve ter alguma razão para estar vindo” e procuram entender um pouco mais, procura estudar melhor o que está sendo apresentado. Aqui, quem visita somos nós mesmos, as pessoas já sabem o que esperar. Tenho visões e retornos completamente diferentes do que tenho aqui. Mas tanto em Goiânia como Uberlândia, as galerias eram da faculdade, então, querendo ou não, ainda estamos dentro da academia, estamos próximos. Aqui eu também tenho tido retornos positivos de públicos diferentes; ás vezes de gente não tão instruída, a própria Bienal [de arte de Brasília] tem um público completamente diferente. Acho que não é tanto onde, mas para quem você está mostrando.


Para mais imagens da obra de Pedro Ivo, dêem uma olhada em Artistas de Brasília e Cercanias.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Retrospectiva 2009

Artista 2009 : Pedro Ivo

Pedro Ivo foi a escolha como Artista do Ano pelo Blog. Essa escolha deveu-se a um conjunto de fatores: por um lado, Pedro expôs bastante na cidade no ano de 2009 (Novas Referências, Prêmio Iate Clube de Brasília, Salão Universitário- Prêmio Espaço Piloto, 2ª Bienal de Arte de Brasília). Por outro, a qualidade e engenhosidade de sua produção pictórica, soturna e sépia, aliada a um vigor e intensa e diversificada produção chamou bastante nossa atenção nesse ano. Ademais, Pedro parece-nos um bom representante de um grupo consideravelmente amplo dentre a recente produção local: os jovens pintores figurativos (a se saber, Fábio Baroli, Moisés Crivelaro, Camila Soato, Clarice Gonçalves, Taigo Meireles, Alice Lara e André Mota, dentre outros).

Confira algumas obras de Pedro Ivo

Leia a entrevista do DNB com Pedro Ivo (EM BREVE)


Grupo ou Coletivo de Artistas 2009 : Grupo Empreza

Durante 2009 Grupo Empreza teve um grande desempenho e destaque nacional, sendo um dos únicos representantes do Centro-oeste no Programa Rumos do Itaú Cultural. O grupo foi premiado em diversas mostras de cinema e vídeo - 9º Goiânia Mostra Curtas, 3º Festival Perro Loco e no V Festcine Goiânia. O êxito em investir na realização de vídeos e animações autorais buscando alargar sua atuação presencial nos eventos foi reforçado pela entrada de João Angelini (que também foi premiado no Anima Mundi deste ano). Além de participar da segunda edição do MIP – Manifestação Internacional de Performance em BH e no 8#ART em Brasília, o grupo mantém a mesma empolgação e disponibilidade para participar de eventos independentes, apresentarem performances na rua e em espaços onde são convidados por onde passam (como na galeria Durex no RJ em dezembro).




Exposição nacional ou internacional 2009 : Virada Russa

Mesmo que 2009 tenha sido o ano da França no Brasil, quem levou a melhor foram os russos com a exposição Virada Russa - A vanguarda na coleção do museu estatal russo de São Petersburgo. Trazendo ao público 123 obras dos maiores nomes da vanguarda russa ao Brasil –Vladimir Tatlin, Wassily Kandinsky e Kazimir Maliévitch – as obras em ótimo estado de conservação, permitiu ao público prestigiar ao vivo os nomes famosos da história da arte e conhecer outros artistas, como Pavel Filonov. Mas o ponto forte da exposição foi o núcleo destinado a Maliévitch, com a obra Quadrado Negro sobre fundo branco de 1914.


Exposição de artista ou grupo local 2009 : Justaposição Polar

A exposição “Justaposição Polar” de Elder Rocha trouxe os trabalhos mais recentes do artista goiano, radicado em Brasília e professor do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília. Entre julho e agosto de 2009 o CCBB-Brasília apresentou pinturas, com a curadoria de Cristiana Tejo. A apropriação, que sempre fez parte da poética de Elder Rocha, faziam o espectador, a um primeiro olhar desatento, pensar que estava diante de grandes e misteriosas ilustrações. No entanto este imaginário de gravuras, camadas e manchas era (e é) pintura. A obra Mar Torto, um site specific surpreendente, era dividida em duas partes, a primeira na entrada do espaço e a segunda ao fundo da galeria. Sendo assim a instalação “invadia” as outras obras propositalmente; era a contemplação do inexplicável.



Espaço 2009: MAB

O MAB, Museu de Arte de Brasília, foi fundado em 1985. Seu acervo foi formado a partir de diversas fontes: na data de sua fundação, a instituição já possuía um acervo de grande relevância, que conseguiu através da Secretaria de Cultura, além de seus salões, responsáveis por algumas das obras mais relevantes do acervo. Embora tenha tido uma importância histórica no desenvolvimento das artes visuais em Brasília no fim da década de 1980, consecutivos governos abandonaram o espaço, e nos anos 2000 ele viveu sua derrocada.
Em 2007, sob a gestão de Glênio Lima e Bené Fontelles, teve início um processo de revitalização do espaço que incluía o MAB Móbil, um conjunto de mostras do acervo para dar visibilidade ao Museu, como exposições na 508 Sul, na CAL (Casa da Cultura da América Latina) e no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Outra vitória da gestão foi a doação do Ateliê de Rubem Valentim, a ser catalogado e transformado em exposição permanente pela instituição; na mesma ocasião foi criada uma comissão para estudar a reativação do grupo Amigos do MAB, além da exposição Invasão Legal, que reuniu diversas gerações em uma exposição que propunha uma retomada do espaço pela comunidade artística. A exposição, no entanto, foi ameaçada pela precariedade do espaço físico, e antes do término da mostra, o MAB foi interditado.
Com a sugestão de realocar temporariamente o acervo para o Museu Nacional (o prazo inicial para o transporte das obras era de 30 dias, mas prolongou-se por 3 meses), foi criada uma comissão para discutir o futuro do MAB. A comissão contava com os seguintes integrantes: Glênio Lima (diretor da instituição), Ana Frade (museóloga do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico – DEPHA), Ione Carvalho (museóloga e subsecretária de Políticas Culturais do GDF), Wagner Barja (diretor do Museu Nacional do Conj. Cult. da República) e Omar Franco (artista plástico). Ao fim dos trabalhos, a comissão convocou uma audiência pública para divulgar a proposta de fusão do Museu de Arte de Brasília com o Museu Nacional em uma única instituição com duas cedes, doravante denominada Museu Nacional de Arte de Brasília. O acervo permaneceria no Museu Nacional, e a sede do lago sul (antigo MAB) tornaria-se um espaço para restauro, residências artísticas, cursos de formação e exposições locai . A proposta provocou polêmica, mas o projeto de revitalização arquitetônica e urbanística do MAB foram bem vistos. Uma nova audiência foi organizada pela deputada distrital Érika Kokay, e o resultado do debate foi contrário a fusão dos Museus.
O projeto de revitalização do MAB conta com verba do Ibram, destinada a preservação de sua arquitetura moderna, aquisição de mobiliário museológico e equipamentos e prevê a construção de um café e instalação de elevador para deficientes. O IPHAN incluiu o MAB no plano de tombamento. Embora atualmente fechado, o MAB tem sido uma dos espaços mais preocupados em dar visibilidade a seu acervo (rivalizando, talvez, nesse quesito apenas com o Conjunto Cultural da Caixa) e a polêmica que sua possível fusão com o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República gerou trouxe a tona uma importante discussão patrimonial e cultural para a cidade.


Clique aqui para a cobertura do blog acerca do MAB durante o ano de 2009


Arte-Educação e Programas Educativos 2009: Circuito Educativo BrasiliAthos – Na Trilha dos Azulejos

Após esforço merecido, a Tríade Patrimônio, Turismo e Cultura foi agraciada em 2009 com o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade na categoria Educação Patrimonial pelo projeto Circuito Educativo BrasiliAthos – Na Trilha do Azulejos. Este, que consiste em um belo casamento entre educação patrimonial e arte educação, levou a várias escolas públicas de todas as regiões administrativas do Distrito Federal, uma verdadeira imersão à história de Brasília e a vida e obra de Athos Bulcão, além de exemplificar de forma prática conceitos como patrimônio, conservação e tombamento. O projeto conta com a atuação de mediadores previamente treinados, possibilitando o desenvolvimento de trabalho contínuo e construtivo junto a crianças entre nove e onze anos. O prêmio recebido homenageia em seu nome o primeiro diretor do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e tem como objetivo reconhecer ações de preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro. O resultado de uma ação tão inovadora para Brasília pode ser conferido no blog criado pela Tríade que contém relatos e imagens deste projeto que com certeza merece muito mais apoio para continuar seu belo trabalho.

http://www.natrilhadosazulejos.blogspot.com/





Ciclo de Palestras, Oficina ou Eventos 2009 : 24 Horas de Desenho

Desenvolvido pelo aluno e monitor de desenho, Helder Spaniol, o curso ofereceu a seus participantes um diferenciado leque de atividades relacionadas a um único tema: o desenho. Recheado de diversos tipos de exercícios que visavam explorar a expressão, a criação e o olhar, o curso ainda contou com a participação de professores, escritores e artistas plásticos para debater o tema da edição do segundo semestre de 2009 que foi Fábulas. Apesar da falta de apoio do Departamento de Artes Visuais para o eventos, 24 Horas de Desenho se firma como um evento fixo nos calendários da UnB e os alunos envolvidos se tornam cada vez mais habilitados para desenvolverem atividades que buscam a prática, a contextualização e a reflexão sobre o que foi produzido.

Ciclo de Palestras, Oficina ou eventos 2009 : Ciclo de Palestras Latitudes

A exposição Latitudes: mestres latino-americanos na Coleção FEMSA ocupou parte da galeria térreo do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República entre os dia 24 de abril e 14 de junho de 2009. A exposição, com a presença de importantes artistas latino americanos , David Siqueiros, Diego Rivera, Frida Kahlo, José Orozco e outros, configurou um dos pontos altos da programação cultural da cidade em 2009 e ocorrendo, simultânea a mostra Virada Russa no CCBB, uma proximidade que, sem dúvida alguma, beneficiou ambas as mostras. Conjuntamente com o evento, o programa educativo, em pareceria com o próprio museu, organizou uma série de palestras e debates que abrangeram não apenas a mostra, mas a produção de arte na América Latinas (ou na Latino-américa, como tantas vezes se repetiu, em um esforço de produzir uma torção lingüística que nos obriga a assumir nossa própria posição de alteridade íntimas frente à América hispânica) ao longo do modernismo e contemporaneidade. O resultado foi um rico e fortuito diálogo que contou com a participação de Vicente Martinez, Nelson Maravalhas, Maciej Babinski e Pedro Alvim, além de preciosos apontamentos de Vera Pugliesi,organizadora do ciclo e responsável pela ação educativa. Acreditamos, assim, que a iniciativa atende a uma vocação da mostra de tornar-se um espaço para a reflexão, diálogo e formação.

Publicação 2009 : Revista Objeto


Brasília é extremamente carente em publicações em artes visuais, não deixando muitas opções que sejam dedicadas especificamente a esta área. Deste modo, uma boa surpresa é a Revista Objeto da Galeria Objeto Encontrado realizada em parceria com o Fole Coletivo . O conteúdo é variado, inclui ilustrações, contos, quadrinhos, entrevistas e matérias curtas sobre artes visuais, música, teatro e cinema. Seu formato é rápido e inteligente e conta com uma apresentação bastante sedutora, medindo aproximadamente 11 x 15 cm a revista pode ser completamente aberta transformando-se em um pôster de cerca de 60 x 40 cm.

Controvérsia 2009: Igrejinha Nossa Senhora de Fátima
Um dos temas mais controversos deste ano (ou o que maior cobertura ganhou nos meios de divulgação formais e informais) foi a pintura dos murais da Igreja Nossa Senhora de Fátima. A confusão é bastante complexa, e só o é porque a igrejinha, como foi simpáticamente batizada pelos moradores da cidade, reúne três diferentes congregações sob um mesmo teto: aqueles que a vêem como um templo religioso, aqueles que a vem como um patrimônio histórico e aqueles que a vêm como um registro do itinerário estético moderno. Na verdade a igrejinha é os três; Com projeto de Oscar Niemeyer, azulejos de Athos Bulcão e pintura interna de Alfredo Volpi, é inegável o valor estético da construção. Mas as imagens do menino Jesus e Maria produzidas por Volpi, que foram lixadas e encobertas (iconoclastia?), de forma que o Iphan determinou impossível restaurar as pinturas a seu estado original. Reproduzir a imagem á partir dos registros fotográficos foi brevemente cogitado, mas logo a opção foi abandonada, pois seria apenas um simulacro da obra original. A opção, então, foi convidar um artista que, segundo o responsável pela obra, seria capaz de resgatar a "ambiência que a obra de Volpi produzia na igreja". O artista escolhido foi Galeno, artista plástico nascido no Piauí e radicado em Brasília que reside e produz em Brazlândia, por possuir "técnica, cromatismo e elementos de pintura e grafismo semelhantes aos de Volpi". Desde o início do processo, os paroquianos demonstraram ressalvas frente às propostas apresentadas e com o início das obras a tensão aumentou, e um grupo de fiéis chegou a realizar um abaixo assinado pedindo a interrupção imediata dos trabalhos. A igreja católica preferiu não se manifestar sobre o assunto, mas vários políticos da cidade não se valeram da mesma isenção e partiram para uma investida junto ao Iphan na tentativa de negociar a suspensão da obra. No dia 27 de julho de 2009, um grupo de pessoas favoráveis a obra de Galeno se reuniram em ato público na frente da igrejinha.
A obra foi danificada mais de uma vez durante o processo de produção, e os paroquianos chegaram a celebrar a missa fora da igreja em demonstração de repulsa à obra. Certamente os ânimos se exaltaram e esse episódio deve entrar para a história cultural da cidade.
Controvérsia 2009: FOTOARTE 2009
O FotoArte é um evento dedicado a fotografia organizado pelo Espaço Cultural Contemporâneo e gerido pela empresa Arte 21, que, aos poucos, vem ganhando alguma credibilidade e destaque nacional. Não é, no entanto, incomum que haja, entre os artistas locais, algumas ressalvas sobre o evento; mas nenhuma ganhou tanto destaque como a carta aberta enviada por Patricia Gouvêa a produção, aos jurados, a alguns dos artistas participantes da mostra, ao Canal Contemporâneo, postada no Facebook, e que logo circulou de forma avassaladora por grupos de e-mais e contatos informais entre artistas e fotógrafos de todo o país. Na carta, a participante premiada abdicava publicamente de seu prêmio (e portanto, revogava o direito de divulgação de sua obra) em função de duas cláusulas contratuais:
Foram inúmeras as minhas tentativas, desde a última segunda-feira e as do júri para que a Sra. Karla Osório concordasse em redigir o termo de cessão de direitos de imagem, onde foram incluídas 2 cláusulas que não constavam do regulamento, cujo teor fere os direitos autorais dos fotógrafos, constituindo, portanto, ato irregular e que apenas beneficia as empresas controladas direta ou indiretamente pela ARTE 21:
4. A CESSIONÁRIA fica expressamente autorizada pelo CEDENTE a executar livremente a montagem das fotografias objeto deste contrato, podendo proceder aos cortes, às fixações e às reproduções necessárias.
6. A CESSIONÁRIA poderá ceder os direitos sobre a(s) fotografia(s) e/ou a conceder autorização de utilização a quaisquer empresas sob seu controle direto ou indireto, bem como a entidade sem fins lucrativos, especificamente à WWF Brasil, sem obrigação de efetuar qualquer pagamento ao CEDENTE./ A primeira é preocupante pois autoriza cortes na imagem, mas a segunda é ainda mais grave: por meio dela as imagens poderão ser usadas por outras empresas sob controle da ARTE 21 e outras ONGs!!!!”
Frente ao que a artista entendeu como uma “uma atitude inflexível” por parte da organizador do evento e, não tendo suas reinvindicações consideradas, não viu outra opção senão denunciar o que acreditava ser graves irregularidades e nefastos precedentes impostos pelo evento . A reação foi grande e, por fim, as cláusulas foram alteradas, mas a credibilidade do evento foi posta a prova

Nonsense 2009: #8 ART

A exposição do 8o Encontro Internacional de Arte e Tecnologia ocorreu no Museu da República em outubro e reuniu propostas diversas que, em sua maioria, aliavam mídias tecnológicas ao desenvolvimento de uma poética própria. Embora seja um evento de largo alcance que reúne sempre nomes importantes dessa prática artística, a abertura da exposição nos pareceu um tanto dispersa. Ainda no início, alguns dos trabalhos que solicitavam a interação do público encontravam-se desligados ou com problemas de funcionamento. Entre os convidados que participaram do evento estava o Grupo Empreza que, além dos vídeos e da apresentação performática, realizou também uma homenagem (ou protesto?) ao incêndio do acervo de Hélio Oiticica na área externa ao museu. Outro convidado foi o Grupo Cultural Batunkejé que tocou durante a abertura do evento. Apesar de admirarmos a efetividade das realizações propostas pela linha de arte e tecnologia, a sensação geral que tivemos ao sair do evento foi de certa confusão e falta de foco em relação ao que vem se pensando e produzindo em poéticas tecnológicas.

Nonsense 2009: Exposição JK
Bancada pelo governo do Distrito Federal, a mega-exposição realizada na área externa no Complexo Cultural da República em homenagem ao presidente Juscelino Kubistchek chamou atenção de todos que passavam pelo eixo monumental, mas não pela sua beleza e sim pela barulheira. O túnel no qual ficava a exposição estava mais para festa rave do que homenagem a JK, o visitante ao entrar se deparava logo de inicio com altas batidas de música eletrônica, pouquíssimo conteúdo e um lounge para descanso, afinal depois dessa overdose de informações todos merecemos descanso até Juscelino.

Não foi dessa vez... nossas expectativas para o futuro: Espaço Piloto - 2010

O Espaço Piloto, espaço expositivo em melhores condições da Universidade de Brasília, teve um ano de pouco sucesso. Após cumprir o que restou da pauta de 2008 em sua primeira exposição no ano de 2009, a galeria ofereceu ao público universitário um pequeno número de mostras e ficou fechada por um longo período sob a justificativa de reforma. Com a abertura da exposição do I Salão Universitário – Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea, o espaço foi reaberto com as mesmas paredes empenadas, um grande vidro quebrado em sua fachada e com algumas tomadas a mais. A iniciativa do Prêmio deve ser incentivada desde que seja levada a sério do início ao fim, visto que os próprios artistas tiveram que se preocupar com a iluminação de suas obras ou furos em paredes, já que não havia profissional para tal. Aguardamos que a galeria ofereça uma boa programação para 2010 tendo em vista a convocatória que está aberta para preencher a pauta deste ano. Acreditamos que é necessário um tempo para que um espaço expositivo se estabeleça e propicie ao menos regularidade em sua programação e por isso torcemos para que em 2010 o Espaço Piloto crie uma identidade para seus eventos, proporcione a comunidade uma visão mais ampla dos vários segmentos que estão envolvidos em uma exposição de arte e cative visibilidade, ao menos, dentro da própria universidade.


Convocatória do Espaço Piloto


Não foi dessa vez... nossas expectativas para o futuro: IX Prêmio Iate Clube de Brasília.
O prêmio do Iate Clube segue desde 1996 como um dos poucos salões da Brasília, e, ainda mais recentemente, como o único um salão dedicado a arte contemporânea nacional da cidade (ocupando, assim, o vácuo dos extintos salões de arte do Museu de Arte de Brasília). Em sua VIII edição, pudemos ver uma grande variedade de técnicas e suportes, com propostas bastante distintas entre si, mas não podemos dizer o mesmo da IX edição do evento. Com poucas surpresas ou riscos dentre as obras selecionadas, a mostra foi bastante prejudicada pela alteração em seu calendário; Se, por um lado, vários artistas possam ter se beneficiado da longa prorrogação do período de inscrições, muitos foram prejudicados com os curtos períodos referentes à realização das demais etapas (havendo inclusive desistência entre alguns dos participantes selecionados em função dessa alteração). As opções curatoriais, por vezes questionáveis, proporcionaram um salão irregular (em alguns momentos até mesmo enfadonho). Por fim, a produção do “catálogo”, embora ofereça um registro das obras expostas (as fotos aparentam terem sido obtidas dos próprios projetos inscritos, o que implica em uma variação de qualidades de imagens), dificilmente se presta a um registro do evento como um todo. Temos esperanças de que em sua 10ª edição o salão alcance a relevância e excelência que dele se espera.

domingo, 17 de janeiro de 2010

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

UPIS, I did it again! – cobertura da II Bienal de Artes de Brasília

A segunda edição da Bienal de Arte de Brasília ocorreu entre os dias 10 de dezembro de 2009 e 10 de janeiro de 2010, ocupando por um mês as salas de aula do Campus I da faculdade UPIS com propostas de cerca de 100 artistas sob o tema “Tempo”, proposto pela curadora Rosane Pominitz. Nossa equipe esteve por lá para conferir a mostra.



A princípio a proposta da UPIS de ocupar espaços ociosos (no caso, as salas de aula da própria instituição no período de férias), bem como a própria realização de um evento regular dedicado as artes visuais em Brasília, nos parecia bastante oportunos. No entanto, em nossas visitas ao evento, ficamos com a sensação de que nenhuma delas foi efetivada de forma satisfatória.

Em grande parte das salas percebemos tentativas expográficas mal-sucedidas: panos e lonas plásticas tentavam omitir os elementos próprios de uma sala de aula, como as janelas e lousas; banners coloridos dependurados nas salas traziam o currículo dos artistas e poluíam mais ainda o espaço expositivo, chegando, em alguns casos, a competir visualmente com as próprias obras; muitos artistas optaram por recorrer a frases e textos aludindo à temática proposta pela curadoria, de modo a legitimar ou justificar (de forma por vezes forçosa, literal ou mesmo didática) sua presença na mostra. O resultado é uma exposição irregular, com questionáveis soluções de montagem (de fato, permanece a dúvida se essa configurava uma prioridade para a equipe responsável pelo evento), que, por vezes, assemelha-se a uma feira de ciências, uma tendência que nem mesmo a qualidade de alguns trabalhos é capaz de abrandar.



Essa sensação é ainda reforçada por propostas de espetacularização do espaço expositivo realizadas por alguns artistas, que lançam mão de equivocados recursos na ocupação de salas, produzindo uma espécie de cenografias pseudo-contemporâneas e semi-instalações, que resultam em soluções nada convincentes, agregando elementos que pouco acrescentam a suas obras.
Talvez essa apresentação equivocada fosse relevada, não fosse ela tão desproporcional frente à ambição da instituição promotora do evento, que, de acordo com o site oficial, assegura que:


“A Bienal de Artes de Brasília passa a ocupar lugar de destaque no calendário nacional de artes plásticas, junto a importantes eventos como a Bienal de São Paulo, a Mostra Rio Arte Contemporânea, entre outros.”


Essa relevância também é minada frente à divulgação, bastante reduzida para um evento pretensamente dessa magnitude, e cuja programação parece resumir-se à exposição, não havendo um espaço mais amplo destinado à reflexão nem uma difusão das propostas artísticas e dos artistas que integram a mostra.
Na opinião da nossa equipe há um equívoco no discurso apresentado pela Bienal de Artes de Brasília que se propõe a ser um evento de destaque nacional, mas que em sua realização demonstra descuidos e incoerências em relação à produção local e nacional de arte contemporânea.


Veja aqui vídeo do site Cerrado Mix sobre a mostra.


Top 5 Bienal de Brasília pelo DNB

(obs: clique no nome dos artistas para conhecer um pouco mais de seus trabalhos)


1 - Pedro Ivo Verçosa
Pedro Ivo consegue solucionar de forma simples alguns problemas expográficos na mostra. Em uma das paredes quatro telas em grande escala encadeiam-se aludindo a uma narrativa não evidente. Na parede em frente alguns retratos são dispostos em fileiras verticais, juntamente com um de seus trabalhos com recorte vinílico. Pedro Ivo foi beneficiado pelo tom da parede que harmoniza sutilmente com sua palheta de cores.

2 - After School
After School é uma mostra dentro da Bienal que ocupa uma das salas com obras de artistas do grupo G-onze. Entre os artistas estão José Zaragoza, Antônio Cabral, Luiz Áquila, Maciej Babinsky, entre outros nomes importantes da pintura no cenário local e nacional. Embora houvesse uma clara preocupação na distribuição das obras, criando espaços de afinidades e diálogos, infelizmente a mostra foi bastante prejudicada por alguns elementos e recursos expositivos.








3 - Bisser Nai
De origem búlgara, o artista reside há pouco tempo em Brasília. Ocupa uma das salas da Bienal com uma grande série de desenhos e dois de seus manequins pintados apresentados também em exposição individual na Casa Thomas Jefferson em 2008.


4 - Regiane Rocha
Regiane Rocha apresenta uma série instigante de desenhos em pequena escala que mantém uma proximidade com ilustrações de narrativas fantásticas ou fábulas.



5 - André Crespo
O paulista André Crespo é um dos artistas representados pela Art & Art Galeria. Destacamos aqui duas de suas telas expostas com temáticas de cavalos de corrida.


Menções do DNB: Destacamos também os desenhos de Paul Moraes que nos parecem bastante promissores; as instigantes pinturas de Sônia Menno Barreto que se utiliza de um realismo pictórico para criar situações que transitam entre o surreal e o kitsch e ainda a abstração geométrica das pinturas de Milla Nast.