Agradecemos sua visita e informamos que estamos inativos por tempo indeterminado.

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domingo, 27 de dezembro de 2009

Cobertura da 7ª Bienal do MERCOSUL

O Sussurro do Mercosul


Parte do projeto Parásitos urbanos, 2006. Gilberto Esparza

A Bienal do Mercosul chega a sua 7ª edição sob a temática “Grito e Escuta”, distribuída em 7 mostras e algumas intervenções e performances realizadas em diversos pontos de Porto Alegre entre 16 de outubro e 29 de novembro último. A equipe da DNB esteve lá para conferir o evento.

Enquanto a Bienal de Arte de São Paulo vem enfrentando um período negro em sua história institucional (com diversos escândalos administrativos, desorganização e uma falta de consistência que culminou com a última edição, a infame Bienal do Vazio, e com a audaciosa proposta de Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias de revitalização do evento em sua 29 edição), a Bienal do MERCOSUL vem firmando-se como uma articulação bem sucedida de empreendimento público/privado, com ênfase nas iniciativas pedagógicas e com propostas mais experimentais em termos de curadoria, convertendo Porto Alegre em um dos centros da produção, reflexão e divulgação da arte latino-americana da atualidade. A 7ª Bienal buscou seguir a proposta, tendo como desafio suceder a elogiada 6ª Bienal, a terceira margem do rio, que contou com presença de peso de Jorge Machi, William Kentridge, Waltércio Caldas, Dario Robleto, Francis Alÿs, dentre outros.

Há uma tendência na Bienal do MERCOSUL de fundir (ou confundir) os papéis. Já na 5ª Bienal Gaudêncio Fidelis aponta a curiosa montagem das obras, nas quais artistas comparecem ao espaço expositivo munidos de grandes equipes, as quais orientavam cuidadosamente. No catálogo do evento, propunha-se uma aproximação curiosa entre o artista e o curador. Na 6ª Bienal, a mostra Conversas já convidava os artistas a indicarem outros artistas que dialogassem com suas obras para compor a mostra. Na 7ª edição, a proposta era a de levar a um novo estágio essa relação. Segundo a própria página do evento na internet:

O projeto envolve os artistas na própria concepção da Bienal: considerados como atores sociais e constantes produtores de sentido crítico, os artistas serão responsáveis por conceituar formatos de exibição, o projeto pedagógico e as políticas editoriais do evento.


No entanto, é inevitável um certo sentimento de derrocada nos visitantes (principalmente para o visitante desavisado que entra no Santander Cultural ainda impactado com a obra de Jorge Machi, que ocupou todo o suntuoso espaço na edição anterior, e se depara com o embaraçoso - e por vezes maçante- projetáveis). A controvérsia da 7ª Bienal começou logo em sua organização; são vários os boatos que circulam em Porto Alegre envolvendo acidentes gravíssimos no período de montagem, possíveis problemas financeiros e muita especulação sobre o treinamento do educativo (menina dos olhos do evento) que nessa edição teria sido menos rigoroso ou criterioso do que nas anteriores. As quedas de energia foram constantes no cais (foi necessário voltar para ver algumas das obras expostas em função de picos de energia que, segundo fomos informados, foram uma constante durante todo o evento). Também havia muita especulação sobre a ação Poesia Viva, de Paulo Bruscky (que dispõe de um espaço de destaque na mostra), subitamente cancelada.

O resultado foi uma Bienal com boas surpresas, mas bastante irregular. Valem as importantes presenças de León Ferrari, Cildo Meireles, Liliana Porter (também presente na última edição do evento), a homenagem a Paulo Brusky, a expografia engenhosa de “ficções do invisível”, o competente material educativo e o grande número de informações disponíveis na internet sobre o evento (isso sem comentar jaquetas-cartucheira dos mediadores, uma saída engenhosa que aliou facilidade de identificação com praticidade para as atividades pedagógicas e que despertou o interesse de vários visitantes). Mas a melhor surpresa foi, sem dúvida, a mostra de desenhos no MARGS. A curadoria foi primorosa e empolgante e a mostra do acervo da instituição foi igualmente impressionante.
Quem esteve em Porto Alegre durante a mostra pode também acompanhar uma inusitada mostra de vídeos na Usina do Gasômetro, entitulada Tempestade (particularmente próxima a mostra de vídeos da própria Bienal e que, diferente desta, não buscou nenhum tipo de isolamento entre as projeções, o que rendeu um resultado bastante interessante). A tempo, fica a recomendação aos que se aventurarem em POA: Não deixem de visitar a Fundação Iberê Camargo. Vale a pena conferir a estrutura, organização e arquitetura do centro. Requesitem no balcão para ver as áreas de oficina e auditório (o trajeto pode ser feito se acompanhado de um mediador).

Lúcia, Stop-motion, vídeo animação. Niles Atallah, Cristóbal León e Joaquín Cociña

Jérôme Bel & Véronique Doisneau

Programa Educativo da 7a Edição da Bienal do Mercosul

Tapume, 2009, Henrique Oliveira

Microfonico I e II , 2009, Chelpa Ferro

Top 15 Bienal do Mercosul pelo DNB

1 - Linda Matalon – Garland

2 - Jerome Bel e Isabel Torres - Veronique Doisneau

3 - Chelpa Ferro – Microfônico I e II

4 - Henri Michaux

5 - Cristiano Lendhart

6 - Tomás Espina - Alcaebza ed surgenda

7 - Henrique Oliveira – Tapume

8 - Fabio Kacero

9 - Niles Atallah, Cristóbal León e Joaquín Cociña - Lucia y Luis

10 - José Antônio Suárez

11- Paulo Brusky

12- Samuel Becket – Breath

13 - Milton Machado

14 - Mário Peixoto

15 - Karina Peisajovich – maquina de hacer color

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

113

Olá!

Bem, para quem nunca ouviu falar de mim, meu nome é Luciana Ribeiro, sou bacharel em Artes Plásticas/Visuais pela Universidade de Brasília, e dentre muitas aventuras artísticas e/ou acadêmicas anteriores, hoje em dia trabalho com arte educação no Centro Cultural Banco do Brasil.

Na minha "estréia" no dando nome aos bois gostaria de abordar dois assuntos, mas achei melhor (por enquanto) escolher só um mesmo, no caso o concurso do IPHAN.


O concurso aconteceu dia 13/12, domingo, com vagas para várias áreas dentre elas História da Arte, ou Técnico em História da Arte.

Confesso que me surpreendi positivamente com a prova, as questões eram bem elaboradas e quase sem os famosos "peguinhas" que acontecem em seleções duvidosas... Uma pena que para muitos cargos, inclusive de Técnico em História da Arte no DF, só havia uma vaga disponível por unidade federativa.

Foram 50 questões objetivas envolvendo compreensão e leitura de texto, legislação do IPHAN, lógica, inglês, história da arte e duas discursivas mais específicas.

Pensei que seria interessante postar aqui no blog, abrindo assim para comentários, as questões discursivas digitalizadas, pois, na minha opinião, achei pouco a quantidade máxima de 30 linhas para responder para cada questão.




Conservação e Restauração - Novas Tendências


O curso de Conservação e Restauração ocorrerá no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República entre os dias 11 a 14 de janiero de 2010. Os interessados deverão fazer a pré-inscrição até o dia 8 de janeiro de 2010 via e-mail, cal@unb.br, que deve contar com as seguintes informações: nome completo, telefone, e-mail, endereço, area de atuação profissional e instituiçãocal e motico pelo qual deseja participar.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Edital para intercâmbio em Artes Plásticas no Canadá


A Universidade de Brasília acaba de lançar edital para intercâmbio acadêmico em diversas universidades do Canadá. Os alunos selecionados ganharão insenção de taxas na universidade anfritriã e poderão cursar até um ano nas mesmas. São sete instituições de ensino (anglófonas e francófonas) a oferecer vagas para o curso de Artes Plásticas.

[apesar da falta de apoio financeiro por parte da UnB, o programa insere o aluno no meio acadêmico sem os preços orbitantes dos programas particulares.]

Período de incrição: 11 a 13 de Janeiro de 2010.
Local: Assessoria de Assuntos Internacionais ( INT), Reitoria, UnB.
www.unb.br/int/incricoes_abertas.php

Chamada para apresentação de trabalhos: Congresso Internacional Criadores Sobre Outras Obras


CSO'2010 Congresso Internacional "Criadores Sobre Outras Obras"

A conferência centra-se na abordagem que o artista faz à produção de um outro criador. Esta abordagem é enquadrada na forma de comunicação ao congresso.
Data limite para submeter comunicações: 31 Dezembro de 2009



Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa
CIEBA · Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes
1249-058 Lisboa Portugal

domingo, 20 de dezembro de 2009

Relato sobre encontro com artistas do 1º Salão Universitário/Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea

Este mês abdicamos de uma entrevista formal, de praxe no blog, para realizar um encontro com alguns dos participantes do 1º Salão Universitário da UnB. Trazemos a seguir, então, apenas alguns ecos de uma conversa informal proposta por nossa equipe e algumas reflexões que ela possibilitou. Agradecemos a presteza e participação dos presentes no encontro.


Encontro do DNB com alguns dos participantes


do 1º Salão de Artes da UnB.


No dia 1/12/2009 a equipe DNB realizou um encontro com parte dos artistas selecionados para o 1º Salão Universitário/ Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea que aconteceu no período de 16 a 30 de novembro e teve o júri composto por Elder Rocha, Grace de Freitas e Nivalda Assumpção.


Nosso encontro aconteceu no ateliê de um dos artistas participantes, Fábio Baroli, e contou com a presença de alguns dos selecionados, a maioria dos quais apresentou seus trabalhos pela primeira vez.

Nomes: Alice Lara, Camila Soato, Carolina Barmell, Fábio Baroli, Felipe Olalquiaga, Gabriela Starling, Laurem Crossetti, Lucy Aguirre, Luiza Mader, Sang Min Bae.


Idade: entre 20 e 32 anos
Em Brasília devemos ficar atentos a obra de : Jean Matos (http://www.flickr.com/photos/jeemas)


Pintura como rasura


A pintura tem sido amplamente discutida e produzida nas dependências da Universidade de Brasília. Não é de se espantar que um número considerável dos artistas selecionados para o primeiro Salão Universitário da UnB sejam pintores. Não apenas pintores, mas pintores figurativos que tem como ponto de partida a imagem fotográfica (em especial em suportes virtuais; imagens obtidas na internet, registradas em celulares, etc.). As influências oscilam entre Lucian Freud, Luc Tuymans e a ironia corrosiva da pintura pop. Essa ironia ganha contornos nas inusitadas cenas de rinha de Alice Lara (uma das felizes surpresas da mostra), em uma certa sensualidade nula em Fábio Baroli, cruel comicidade de Camila Soato, e na altivez kitsh de Sang Min Bae.

Sang Min Bae
O único calouro a participar da mostra é bastante direto e franco quanto a seu desejo de profissionalizar-se como retratista. Essa intenção levou Sang a freqüentar em seu primeiro semestre de curso (precocemente para o fluxo do curso) os ateliês de pintura da UnB, o que resultou nas obras expostas. Podemos dizer que a pintura do artista tem uma desconcertante seriedade despretensiosa; Sang abdica da grandiloqüência, virtuosismos ou afetações pictóricas em favor do retrato deliberadamente direto enquanto flerta com as estratégias kitsh e elementos da história da pintura (o retrato com folha de ouro remete-nos inevitavelmente ao ícone e a imagem sacra). O resultado é uma pintura altiva mediante uma perícia e refinamento rústico.

Alice Lara


Fotografia: Lucy Aguirre


Alice Lara, diplomanda do curso de graduação, participa do salão (que considera efetivamente sua primeira exposição) com três pinturas à óleo que apresentam imagens de cachorros interagindo em posições de embate. As cores quentes e o tratamento que tende ao inacabado conferem uma vibração a essas imagens que potencializam a própria temática a que se propõe. Segundo a artista, as pinturas fazem parte de uma série realizada durante o curso baseada na percepção dos sentimentos expressos pelos animais e sua relação com os sentimentos humanos. Uma de suas principais influências imagéticas é o filme Amores Brutos (Amores Perros, Dir: Alejandro González. Argentina, 2000), além de utilizar-se também de imagens de rinhas pesquisadas na internet para as composições, o que termina por conferir a seu trabalho uma perturbadora dimensão de agressividade e libido, que nos remete a intrigante (e aflitiva) obra do ucraniano Oleg Kulik.

Fábio Baroli



Fotografia: Lucy Aguirre

Fábio Baroli iniciou sua fala contando parte de seu percurso ao longo do curso de graduação. Também diplomando do curso de artes, vem investindo na pintura a óleo com temáticas essencialmente figurativas. Os trabalhos expostos no salão fazem parte da série Narrativas Privadas desenvolvida ao longo deste ano. Segundo Fábio, essa série adquiriu uma escala reduzida em relação a suas produções anteriores, entretanto, o espaço interno da cena representada expandiu-se. Se antes sua temática era voltada para o retrato, agora seu interesse direciona-se para a representação de cenas seqüenciais (trípiticos ou polípticos) que apresentam figuras em situações íntimas. A composição estrutura-se a partir de um olhar externo que, muitas vezes, acaba por inclui a própria janela relacionando a posição do observador à do voyeur.

Camila Soato


Fotografia: Lucy Aguirre


Há uma certa tragicidade cômica na obra de Camila Soato. A artista debruça-se sobre a ironia e o grotesco, uma investigação que a conduziu da careta (como a sarcástica e jocosa contração e distorção da fisionomia) àquilo que ela hoje define como situações cômicas. O tratamento e o teor das cenas sugerem uma espécie de degradação, de certa forma como espasmos pictóricos (talvez uma gargalhada incontida e um tanto perturbadora) que configura um universo irônico e cruel. A ênfase aqui é na mudança de escala, fruto do desenvolvimento da série no contexto acadêmico.

Opacidades e fantasmagorias do olhar
De Julia Kristeva a Yves-Allain Bois, de Did-Huberman a Evgen Bavcar, o discurso contemporâneo da arte parece alicerçado naquilo que, mediado pelo olhar, põe-se em perda. A in-visão, o olhar turvo, o perder de vista, o ver só-depois. A tempo, a arte, parece-nos, constitui um desafio a nossa visão e uma solicitação a nosso olhar; os obstáculos são muitos e produzem seus phantasmas (caso de Felipe Olalquiaga e Laurem Cosseti) ou convidam-nos a opacidade (Lucy Aguirre e Luiza Mader). Paixão pelo olho de vidro; fecha os olhos e vê...

Lucy Aguirre


Fotografia: Lucy Aguirre


Lucy Aguirre apresenta instrumentos ópticos que revelam-se como empecilhos ao olhar. Junto a um par de máscaras e lunetas/caleidoscópios, um conjunto de fotografias da artista manipulando os objetos transforma-se em instruções/convite ao uso. Há um espelho disposto em meio ao conjunto, para que o público possa, através da turvidão dos obstáculos visuais divertir-se com a inusitada intervenção fisionômica. A dimensão lúdica da obra é um dos motes da artista como essencial a sua elaboração poética. Há uma diferença crucial entre os instrumentos que supomos aparatos ópticos e as máscaras: pelo simples fato de que as máscaras não são feitas para ver, mas para ser visto (e talvez por isso esses objetos tenham uma certa vocação ao espelho e ao reflexo). A máscara atua como uma venda, que nos remete ao jogo de identidade/ alteridade (e, talvez de intimidade). Já os utensílios (inutensílios, como diria Manoel de Barros), que supostamente atuariam como espécies de próteses que aguçam a visão ou que revelam imagens, produzem um jogo de expectativas; despertam o desejo de ver e incitam uma certa captura do olhar; a subversão dos objetos se confunde com a própria subversão do olhar... somos convidados a des-ver e aprofundarmo-nos em nossa condição de videntes.

Felipe Olalquiaga


Felipe Olalquiaga recusa qualquer tipo de discurso acerca de sua obra. Seu processo se daria em outra ordem, alheio as demandas de um embasamento teórico prévio. Propõe-se, assim, os elementos de uma abiogênese poética; a obra ofertada como uma aparição. No díptico fotográfico, registra-se um vulto que parece fazer eco as fotografias de Sybell Corbett ou aquelas phanto-grafias tão comuns na segunda metade do séc.XIX e início do XX. O objeto – o corpo ansioso que a câmera lê como espectral - em eminente fusão com o fundo estampado, gera a expectativa da des-aparição. Fotografar é, por fim, despedir-se do objeto.


Luiza Mader

Fotografia: Lucy Aguirre


Talvez mais do que qualquer um dos presentes, as questões de Luiza Mader são marcadamente processuais. Sua pesquisa, que transita com certa desenvoltura entre a pintura e a encáustica, resulta em uma superfície que expande o campo pictórico e sugere uma relação tátil, incitando uma aspereza própria ao olhar. Somos aludidos a uma estratigrafia, um sobreposição de substâncias e processos que revela a própria fatura da obra enquanto a omite furtivamente, que a evidencia e veda em uma espécie de aterramento.

Memórias, remorsos e nostalgias

Segundo Alberto Manguel, todo conhecimento não passa de uma recordação; e isso nos basta. A imagem, quantas outras imagens oculta? E, por vezes, é necessário apenas o ímpeto memorioso para que tantas outras se desvendem. O olhar parece então configurar um modo de desempenhar a nossa nostalgia no mundo. A herança, o passado, a memória, essas parecem configurar a tônica dominante nas obras de Laurem Crossetti, Carolina Barmell e Gabriela Starling.

Laurem Crossetti




Fotografia: Lucy Aguirre


A vida tem seus bastidores... Mas, quem se atreve a prosseguir? O discernimento constrange. Os versos de Laurem Crosseti (como inversões ou subversões do discurso fotográfico) parecem abdicar desse ímpeto memorioso. Alí, aonde as coisas se afirmam por suas ausências, acaba a minha nostalgia e começa a nostalgia do papel. No verso da fotografia reside uma outra memória, que talvez constitua já memória alguma. A mera inversão do suporte fotográfico torna-se a negação da imagem, abre espaço para o antirretrato.
Estrofe de prata, o rosto sorridente e desbotado, a família austera e digna, as férias empoeiradas e o bolor dos outros dias: o espetáculo nos é negado, é omisso. O verso é opaco, é áspero, e inaugura em mim a turvidão de uma anamnese sépia. A dedicatória é uma caligrafia triste... o verso é apenas uma versão.

Carolina Barmell

Fotografia: Carolina Barmell


A memória pode produzir cartografias bastante singulares e inusitadas. A pintura faz da memória composição, a fotografia faz da memória corte e enquadramento, o cinema faz da memória montagem. O viajante lembra; é um memorioso por vocação. Sua memória não cabe em seu território e, por vezes, reconhece locais longínquos.: Inconfessável déjà vu do andarilho de terras alheias.
O olhar lusitano é necessariamente nostálgico (os lusófonos tem o monopólio da saudade). Em meio a sua viagem por Lisboa e Sintra, Barmell apresenta-nos esses fragmentos de paisagens em sucessão de tamanhos (memórias em diferentes dimensões) em insistente repetição, como uma espécie de jogo cujas regras não são claras, ou como alguém que descobre-se herdeiro de uma coleção da imagens ancestrais.

Gabriela Starling




Fotografia: Gabriela Starling


Diz Goethe: “Aquilo que herdaste de teus pais, conquista-o para fazê-lo seu". Gabriela Starling lança-se em uma série de desenhos referentes a um clássico da literatura mundial: Fausto de Goethe. Na verdade, Fausto faz referência a uma lenda popular alemã, a se saber, a história de um pacto. Dentre as diversas adaptações da célebre narrativa, somos inevitavelmente remetidos a inesquecível cena cinematográfica em que a peste é representada como uma virulenta projeção da sombra do diabo que se abate sobre uma cidade. Mefistófeles é um ser perigoso e traiçoeiro; um ser mágico e pernicioso. No entanto, Mefistófeles de Starling é uma criatura um tanto engraçada (talvez desengonçada); com sua asa partida, seu coração a mostra, seu ventre listrado, o falo rasurado e seus olhos em cruz. Sobre ele, três estrelas furtivas, talvez a fulgura negra da noite, talvez a marca de sua ascendência nobre.
Starling brinca como um Cristoph Haizmann pueril. A transparência e o cintilar seduzem, por que o olhar pueril é facilmente capturado; porque é, desde o princípio, entregue ao fascínio. Talvez, em alguns aspectos, esses personagens estáticos de Starling constituam uma alternativa àqueles retratos de Bae, ou uma versão perversamente infantil do voyeurismo de Baroli. De todo modo, são criaturas precárias em suportes precários, são apropriações lúdicas e desenvoltas, daquele que brinca um tesouro herdado, que o conquista no jogo e que, por fim, faz dele sua riqueza.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pequenos formatos - grandes obras e Mestres do mobiliário brasileiro - 17/12





Abertura: 17/12/09, às 20h

Visitação: 17/12/09 a 31/01/10 Terça a sexta de 12h às 20h, sábado e domingo 12h às 18h.

Local: Galeria Renome SCRN 716 Bl. C Lj 36 - Asa Norte

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

1ª Feira Candanga de Artesanato e Arte Contemporânea



Das 10h às 19h, realização da 1ª Feira Candanga de Artesanato e Arte Contemporânea, no salão do Museu Vivo da Memória Candanga. Estarão expostos desenhos, pinturas, tecelagens, fotos, gravuras, cerâmicas, objetos de papel artesanal e flores do cerrado. Nesse dia, haverá apresentação musical, lanchonete, área de pic-nic e parque infantil. O Museu localiza-se na Via EPIA Sul - Lote D - Núcleo Bandeirante.

Informações: 3301-3590.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Diretrizes para a atuação de educadores em museus e instituições culturais

A Rede de Educadores em Museus e Instituições Culturais do DF - REMIC-DF, formulou em reunião extraordinária uma proposta que será apresentada formalmente a Rede de Educadores em Museus - REM- na ocasião do II ENREM. Essa proposta auxiliara nas discussões acerca da formulação de um documento nacional que definirá as diretrizes e normas de atuação dos profissionais que atuam na área de educação em museus e instituições culturais.


Veja o documento integral

Maiores informações: http://remic-df.blogspot.com/

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Trajetos - 14/12



"A exposição se trata de uma coletiva de artistas diplomandos em Artes Plásticas da Universidade de Brasília. São mais de vinte artistas que têm a oportunidade de expor suas produções realizadas durante o período do curso de Artes na UnB. As obras são das mais variadas linguagens, entre pintura, desenho, videoarte, instalação, entre outros."


local: Galeria Espaço Piloto - UnB
visitação: 15 de dezembro de 2009 a 18 de janeiro de 2010.
abertura: 14/12, às 19h.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Curso de Captação de Recursos com Rejane Pieratti - 7 a 9/12

Curso de Captação de Recursos com Rejane Pieratti - Brasília/DF
Objetivo: Fornecer conhecimentos para a aquisição de competências em Captação de Recursos.
Conteúdo:
  • O contexto dos projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos·
  • Razões pelas quais as pessoas e as empresas doam recursos·
  • Responsabilidade Socioambiental das Empresas·
  • A importância da Comunicação para a Captação de Recursos·
  • Formas e Ferramentas para Captação de Recursos·
  • Como o Conselho Consultivo da entidade pode colaborar para sua Captação de Recursos·
  • Parcerias·
  • Ouvindo e entendendo as expectativas do parceiro ·
  • Como formatar e apresentar uma proposta de patrocínio·
  • Plano de Captação de Recursos – O que é e como fazer·
  • Monitorar, avaliar e prestar contas·
  • Fontes de Recursos (nacionais e internacionais)

Carga horária: 12h

Público Alvo: Profissionais do Terceiro Setor, de empresas e do governo que atuam na elaboração e avaliação de projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos. Aberto também a estudantes e interessados.

Facilitadora: REJANE PIERATTI – Especialista em marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Consultora de Marketing Ambiental, Marketing Social e Gestão de Terceiro Setor. Consultora para elaboração e avaliação de Projetos. Fundadora da OSCIP Associação Amigos do Futuro (www.amigosdofuturo.org.br) e do NETS - Núcleo de Estudos do Terceiro Setor. Autora de dez cartilhas e três roteiros de vídeo sobre meio ambiente. Coordenadora do Observatório Brasília do Terceiro Setor. Há nove anos ministra cursos de Elaboração de Projetos e Captação de recursos por todo o país. É Líder Social da Fundação AVINA desde 2002 (www.avina.net). Possui vários projetos aprovados em empresas de diferentes portes, em embaixadas, em Bancos, na Bovespa Social & Ambiental, no Programa Petrobrás Ambiental e na Lei Rouanet.

Investimento: R$ 180 para profissionais e R$ 150 para estudantes.

Data: 7 a 9 de dezembro, das 19h às 22h20.

Local: Centro de Estudos da UNACON – SCS Quadra 8 Bloco B50 4º. Andar – Edifício Venâncio 2000 (ao lado do Pátio Brasil Shopping).

Informações: Mirella Malta – Assessoria e Capacitação em Gestão Social, Cultural e do Terceiro SetorTelefone: 61 9273-9002E-mail: mirellamalta@globo.com

(obs: agradecemos a Carolina Barmell pelo envio dessa postagem.)

1o Leilão Beneficente de Arte - 3/12



Onde: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República
Quando: 3 de dezembro (quinta-feira), às 19h30

(confira a matéria do correio brasiliense sobre o leilão aqui)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

10o Mostra Dulcina: Impermanências - 01/12


Abertura: 01/12 às 20h
Local: Galerias da FADM e locais próximos
Visitação: 02/12 à 20/12 das 9h às 21h

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Notas de viagem - III Simpósio de Arte Contemporânea do Paço das Artes - SP



O III Simpósio de Arte Contemporânea do Paço das Artes (SP) contou este ano com a presença da teórica Rosalind Krauss abrindo o evento no dia 25/10. Resolvi não focar este relato na cobertura do evento e em comentários que já foram constatados por quem acompanhou alguma coisa, mesmo de longe (como a participação pouco carismática de Krauss durante o debate), até porque a transmissão da mesa inaugural, bem como alguns relatos e outros materiais relativos ao evento encontram-se disponíveis no blog.

Porém, gostaria de chamar atenção para um ponto específico do evento: a fala de Paulo Viveiros na mesa intitulada Imagem, arte e poder realizada dia 26/10. Participavam também Tadeu Chiarelli, Miguel Chaia (debatedor) e Dora Mourão (mediadora da mesa).

Viveiros buscou questionar o poder das imagens na atualidade, sendo que, sua fala orientou-se para uma perspectiva histórica de como a imagem foi utilizada de diversas formas para atestar crenças e induzir a verdades. Entretanto a partir do impressionismo essa situação inverte-se. Como nos mostra Tânia Rivera, na passagem do séc. XIX para o XX a imagem perde seu estatuto de precisão visível e começa a formar-se justamente pelo movimento e pela incerteza do visível. (RIVERA In RIVERA; SAFATLE, 2006. P. 150).

Como reestabelecer, portanto, um vínculo de espiritualidade com as imagens sem incorrer nas imposições do passado? Para Viveiros é preciso buscar um fora-de-campo, que seria, para ele, o espaço da ficção, da imaginação. As imagens artísticas devem provocar um “silêncio desconfortável” e nos conduzir ao invisível. Lembrando que esse silêncio ao qual se refere não significa necessariamente uma falta ou um vazio formal que muitas vezes geram certo distanciamento. A meu ver, sua fala refere-se a uma contemplação demorada, à busca de estratégias que nos desloquem e propiciem uma reflexão que não se dê de forma tão imediata. As obras de artistas como Bill Violla, Godard, Jeff Nichols e Kelly Reichardt foram mencionadas por Viveiros por conterem, segundo ele, esse silêncio potencial capaz de nos resgatar da “urgência do instantâneo”.

Lembrando que, tal “resgate” dessa relação com as imagens também foi o ponto de partida estabelecido por Rosalind Krauss em sua fala, especificamente ao criticar a forma como as feiras de arte e outros eventos vêem sendo organizados atualmente, conduzindo o espectador a uma postura pouco atenta. Em contraposição, apresentou artistas como Christian Marclay, William Kentridge e Marcel Broodthaers que pensam a própria mídia (ou technical support, como prefere utilizar) e que se propõem a produzir para o cubo branco buscando novos limites de recepção para suas obras.

(O relato completo das mesas as quais me refiro pode ser conferido aqui).

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

VIII Mostra de Talentos do TCU - 24/11



Tribunal de Contas da União, por meio do Espaço Cultural Marcantonio Vilaça - ECMV promove a VIII Mostra de Talentos do TCU. A abertura ocorrerá dia 24/11/2009 e contará com apresentações no Auditório Ministro Pereira Lira.
A Mostra exibirá trabalhos nas categorias pintura, fotografia, desenho, escultura, gravura, design, instalação, trabalhos experimentais, vídeo, cinema, música, literatura, artes cênicas e dança.
O homenageado da VIII Mostra será Roberto Burle Marx, cujo centenário de nascimento está sendo comemorado neste ano de 2009.


Abertura da Mostra: 24/11/2009, às 16h no Auditório
Ministro Pereira Lira


Informações:

Espaço Cultural Marcantonio Vilaça
Tribunal de Contas da União - Setor de Administração Federal Sul
Quadra 4 - Lote 1, Edifício-Sede, Térreo
Brasília – DF
CEP: 70042-900
E-mail: talentosdotcu2009@gmail.com

Ensaio em Sol - Feira do Livro

Terça-feira, dia 24, A artista Plástica Raquel Piantino estará "expondo, vendendo, trocando, distribuindo e o que mais vier" seu bélissimo livro de desenhos "Ensaio em Sol" na Feira do Livro de Brasilia.

Apareçam de 15h20 às 16h20, no estande Mangueira Diniz no Pátio Brasil.

=)

http://www.flickr.com/photos/raquel_piantino

domingo, 22 de novembro de 2009

Quem quer pão?! A saga continua!



Olá Pessoas!

Depois de muito tempo sem postar nada sobre as vernissages da nossa Capital, estou de volta!

Confesso que demorei por dois motivos, o primeiro deles e que nenhuma delas foi um mega evento e rendeu bafões e o segundo é que eu quero é novidade!

E falando em novidade, vou dedicar a coluna desse mês a vernissage do 1º Salão Universitário/Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea que aconteceu na segunda-feira dia 16/11 no Espaço Piloto, a belíssima galeria e o único local que os alunos do IdA possuem neste momento para mostrar seus trabalhos.


Com um menu recheado de opções e uma carta de bebidas excelente, vários alunos e alguns professores compareceram ao Salão para prestigiar e ver os trabalhos selecionados. Dos professores que foram ao evento chamo atenção ao professor Nelson Marvalhas Junior, que deu uma olhada rápida, comeu e saiu à francesa, diferente da professora Grace de Freitas, que sendo uma das docentes mais antigas do departamento esbanjou muita simpátia durante toda a noite.



Mas focando nos “comes e bebes” uma coisa eu tenho que dar o parabéns, foi a escolha da bebida, melhor ter chopp com fila de espera do que vinho com gosto de vinagre! (e depois todo mundo sai com azia!) Agora a comida, não foi lá aquelas coisas, pão e pastinhas....




Agora uma coisa que me chamou a atenção foi dedicação da Professora e Doutora Nilvada, estava tão empenhada cortando os pãezinhos e servindo os alunos, acho que se a consultora de etiqueta do Fantástico, Glorinha Kalil, visse ia dar nota 10, ela seguiu todos os passos de uma boa anfitriã, se vestiu bem, recebeu bem, serviu bem e se divertiu, acho que se divertiu né?!

Gostaria de parabenizar os selecionados e que o Salão não dê um animo só nos alunos selecionados, mas em todo o Instituto de Artes!

E fiquem de olho no blog, este mês não teremos apenas um artista entrevistado, mas a fala dos artistas que estão participando do Salão!

Até mais.

Mônica Tachotte.