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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Notas de viagem - III Simpósio de Arte Contemporânea do Paço das Artes - SP



O III Simpósio de Arte Contemporânea do Paço das Artes (SP) contou este ano com a presença da teórica Rosalind Krauss abrindo o evento no dia 25/10. Resolvi não focar este relato na cobertura do evento e em comentários que já foram constatados por quem acompanhou alguma coisa, mesmo de longe (como a participação pouco carismática de Krauss durante o debate), até porque a transmissão da mesa inaugural, bem como alguns relatos e outros materiais relativos ao evento encontram-se disponíveis no blog.

Porém, gostaria de chamar atenção para um ponto específico do evento: a fala de Paulo Viveiros na mesa intitulada Imagem, arte e poder realizada dia 26/10. Participavam também Tadeu Chiarelli, Miguel Chaia (debatedor) e Dora Mourão (mediadora da mesa).

Viveiros buscou questionar o poder das imagens na atualidade, sendo que, sua fala orientou-se para uma perspectiva histórica de como a imagem foi utilizada de diversas formas para atestar crenças e induzir a verdades. Entretanto a partir do impressionismo essa situação inverte-se. Como nos mostra Tânia Rivera, na passagem do séc. XIX para o XX a imagem perde seu estatuto de precisão visível e começa a formar-se justamente pelo movimento e pela incerteza do visível. (RIVERA In RIVERA; SAFATLE, 2006. P. 150).

Como reestabelecer, portanto, um vínculo de espiritualidade com as imagens sem incorrer nas imposições do passado? Para Viveiros é preciso buscar um fora-de-campo, que seria, para ele, o espaço da ficção, da imaginação. As imagens artísticas devem provocar um “silêncio desconfortável” e nos conduzir ao invisível. Lembrando que esse silêncio ao qual se refere não significa necessariamente uma falta ou um vazio formal que muitas vezes geram certo distanciamento. A meu ver, sua fala refere-se a uma contemplação demorada, à busca de estratégias que nos desloquem e propiciem uma reflexão que não se dê de forma tão imediata. As obras de artistas como Bill Violla, Godard, Jeff Nichols e Kelly Reichardt foram mencionadas por Viveiros por conterem, segundo ele, esse silêncio potencial capaz de nos resgatar da “urgência do instantâneo”.

Lembrando que, tal “resgate” dessa relação com as imagens também foi o ponto de partida estabelecido por Rosalind Krauss em sua fala, especificamente ao criticar a forma como as feiras de arte e outros eventos vêem sendo organizados atualmente, conduzindo o espectador a uma postura pouco atenta. Em contraposição, apresentou artistas como Christian Marclay, William Kentridge e Marcel Broodthaers que pensam a própria mídia (ou technical support, como prefere utilizar) e que se propõem a produzir para o cubo branco buscando novos limites de recepção para suas obras.

(O relato completo das mesas as quais me refiro pode ser conferido aqui).

Um comentário:

André disse...

Tema interessante; imagem é um termo muito mal conceituado.